4 de dezembro de 2007

"Teu Fascista!"


É engraçado notar como, no nosso imaginário político, o “nazismo” e o “fascismo” se tornaram meros atributos depreciativos, deixando de serem concepções ideológicas propriamente ditas. Isso se torna evidente no Orkut: em várias comunidades e tópicos de discussão sobre política e sociedade, os termos “fascista” e, principalmente, “nazista”, são de uso recorrente para desqualificar certas doutrinas.
Diversas vezes, ao ler discussões em fóruns pelo Orkut, li comentários em que pessoas taxavam de “fascista” aquilo que discordavam – como numa vez em que um certo indivíduo chamou o Tropa de Elite de “filmezinho fascista”. Também já constatei o uso da palavra “nazista” para desmoralizar certas correntes políticas, principalmente as de esquerda.
Aliás, é no debate exaltado entre “esquerdistas” e “direitistas” (em aspas mesmo, dada a relatividade dos termos) que os termos são mais usados. Os “direitistas” dizem que o nazismo é de esquerda, que Stalin era parecido com Hitler, e coisas do gênero; os “esquerdistas” classificam as medidas dos “governantes direitistas” e o conteúdo de algumas obras literárias ou cinematográficas como fascistas.
Creio ser o mais intrigante são as comparações do número de mortes provocados pelos sistemas capitalistas/socialistas do mundo com o número de mortos feitos pelos governos nazi-fascistas. É como se os regimes de Hitler e de Mussolini fossem a expressão na História humana de maldade e da carnificina e uma espécie de referencial para se medir o quão cruel são os demais tipos de governo. E também é como se fosse a “crueldade” de um regime algo que se refletisse em números de mortes.
Os termos “nazista” e “fascista” têm perdido o seu sentido original e real, sendo utilizados para atribuir maldade nos discussões sobre política. O nazismo e o fascismo deixaram de serem ideologias complexas e com diversas particularidades para se tornarem meros recursos retóricos que visam a demonização.
*****

Considerações Finais:
Criei esse texto uns poucos dias atrás. O escrevi como tentativa de voltar à velha forma já que faz muito tempo que não escrevo nada de novo. Está longe do meu padrão de qualidade habitual - que realisticamente não julgo que seja alto, mas enfim, não está de todo mal.

Nenhum comentário: