Nas ruas e nas praças
Marcadas de sangue
Imperava um silêncio fúnebre e negligente
Tão incômodo aos meus ouvidos
Saí, então, sozinho à rua
E marchei e gritei
Um grito convocatório
De pronto atendido
Por outras vozes tímidas
A cada passo da marcha,
Mais calados ouvem o clamor
E muitos, envergonhados de sua mudez,
Juntam-se à marcha-coral
E gritam comigo em uníssono
Logo chegará o momento
Que seremos tantos em marcha
Que nosso grito reverberará
Por morros e pelo planalto
Comprometendo estruturas palacianas
E daí então
Ninguém haverá como alguém dizer
Que não fomos ouvidos