18 de outubro de 2007

Indiferença

Encosta a tua cabeça em meu ombro
o seu insossego precisa de consolo
a dor com dificuldade suporta
busca apenas quem de ti se apiede
para que não sofra na amarga solidão

Afago tua cabeça com a mão
as lágrimas de teu pranto
deixam marcas da triste água
em minha camisa nova de algodão
deixo que busque minha companhia
desejando que os meus braços
te envolvam numa fútil tentativa
de te proteger da dor e da solidão

Isto te acalma?
Isto te consola?
Isto te faz sentir melhor?
A mim não, somente incomoda

Enquanto se ocupa em sofrer
perco minha paciência
aguardo ansioso que se afaste
e desejo que o molhado que fez
em minha veste logo seque

15 de outubro de 2007

Ilusão

Vejo-te passear pelo jardim
apreciar com indolência as orquídeas
sentir o perfume das rosas
negligenciando (conscientemente?)
o que há além dos muros
desse mosteiro onírico
que edificou para se afastar
do doloroso mundo

Na inocência que optou
vive sozinho numa mentira
que a só você engana
e em que só você acredita

Criou um lugar fantástico
com algo de belo e utópico
e um quê de decadente e trágico
nele se conforta e se protege
pôs no limite desse delírio
muros que o deixam inviolável

E assim prossegue seus dias
ignorando o suplício do real
e sendo absorvido pelo paraíso
que sua própria mente
tão necessitada de um placebo
construiu e te mergulhou

*****

Considerações finais: Devia estar estudando, fazendo algum dos milhares de trabalhos que tenho para fazer da faculdade ou, no mínimo, estar lendo o jornal para me atualizar. Ao invés disso, estou eu aqui no pc fazendo literatura - que porcaria! Tantos momentos de ócio em que não vem inspiração alguma e logo quando eu tenho obrigações surge essa ânsia criadora. É nessas horas que tenho raiva do meu hobby.