4 de outubro de 2008

O graduando de História e o resto do mundo (I)

- Mas então, o que você faz? – Pergunta-me alguém que acaba de me conhecer e que não é historiador ou estudante de História.
- Faço faculdade de História – respondo.
Essa situação já se repetiu diversas vezes comigo e com reações que são quase sempre as mesmas. No geral, enquanto me olham com mal disfarçada surpresa ou pena, lançam a mesma frase:
- Mas você vai querer ser professor?
Alguns, talvez mais sinceros e menos educados, fazem outra pergunta:
- Por que você não faz Direito ou Engenharia?
Ou ainda:
- Mas você pretende fazer outro curso depois, né?
Há certo preconceito com os que, assim como eu, escolhem por cursos que formam professores. Corriqueiramente, somos julgados de loucos ou imaturos por escolhermos o caminho que supostamente leva a dificuldades financeiras e falta de prestígio profissional.
Umas almas caridosas, esforçando-se para iluminar com a razão a escuridão das perspectivas de nossas insanas e infantis mentes, tentam nos dissuadir de nossas escolhas. Como se fossem oráculos, nos prevêem um futuro sombrio e nos dão conselhos para evitá-lo – normalmente, nos apontam um caminho mágico e infalível para o sucesso, tal como abrir o próprio negócio ou ser funcionário público.
Este é, portanto, o primeiro desrespeito para conosco, graduandos de História, que aponto: o descrédito de sua capacidade de escolher o melhor caminho para o seu próprio futuro.
*****
Considerações finais: Esse é o primeiro texto de uma série em que pretendo refletir sobre o modo como as pessoas, de um modo geral, lidam com os graduandos de História. Além disso, ainda marca o retorno à ativa do Textando, após vários meses de abandono (eu não atualizava desde maio), sobretudo devido a uma falta de tempo e inspiração que aos poucos não mais me assolam! Então, podem comemorar, inexistentes leitores!