24 de janeiro de 2019

Não habito na casa-grande
mas a casa grande habita em mim
Minha terra não tem senzala
mas tenho medo da senzala
Heranças compulsórias de um passado recente
de que tanto tempo me desfazer!

Não açoitei com vara ou chibata
mas açoitei com palavras e olhares
Não aprisionei em grilhões de ferro
mas deixei aprisionarem em cárceres
 - e ainda fingi que não vi!

Transformo em versos meu tormento
confesso meus crimes inevitáveis
mas no conforto de uma certeza:
a de que ninguém me punirá!
Mas e aos outros?
Os tormentos marcam carne e espírito
tal qual ferro em brasa
e nenhum crime passará impune
mesmo o nunca cometido!

Um comentário:

renatarodrigues disse...

Ah se todo mundo olhasse para si e entendesse o lugar que ocupa socialmente...!